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Comparativo de binóculos em céu urbano

Comparativo de binóculos em céu urbano

por João Marcos

Estando em uma grande cidade, qual seria o binóculo mais adequado para a prática astronômica? Foi na busca dessa resposta que resolvemos fazer um teste comparando os diversos modelos mais usados em observação urbana.

 

Foram testados os seguintes equipamentos:

Octans: 8x56, 10x50 e 15x70;

Meade: 9x63; Bushnell: 12x50; Celestron: 7x35;

- Equipamentos cedidos pelo VTOL (Vaz Tolentino Observatório Lunar).

 

Escolhendo os alvos

Das diversas aplicações de binóculos em astronomia, destacam-se duas principais:

1 – observação de cometas;

2 – observação de estrelas variáveis;

 

1 – Cometas:

Não é sempre que se tem cometas à disposição e observáveis em cidades poluídas. Então usamos alguns dos aglomerados globulares mais brilhantes como referência para uma comparação. Foram observados 4 globulares: o mais brilhante deles, NGC 5139 (omega Centauri), M22 e o M28, em Sagitarius e o espalhado M4 em Scorpius. Apenas o 15x70 conseguiu mostrar, com clareza, o M28 seguido do 12x50, muito fraco. Os demais binóculos ficaram no omega Centauri e M22, com pouco contraste e baixo aumento. A dispersão do M4 só ficou nítida em 12x e 15x.

 

2 – Estrelas variáveis:

O objetivo aqui foi aferir qual o máximo que se pode alcançar na estimativa de brilho de estrelas variáveis em céu poluído. Foram observadas duas regiões de baixa altura no horizonte para favorecer o apontamento: Crux e Carina, com as variáveis S Cru, T Cru e Eta Carinae. A magnitude limite foi avaliada na região de Beta Crucis, próximo ao NGC 4755 (a caixinha de joias).

Para S Cru e T Cru, que podem ultrapassar a magnitude visual 7, o 15x70 cumpriu bem a tarefa seguido pelo 12x50. O 10x50 mostrou as estrelas, porém, enfraquecidas em meio ao fundo cinza claro. Os outros binóculos não conseguiram boa imagem, não oferecendo precisão para compor uma estimativa.

S Cru: bom exemplo de estrela variável tênue em céu urbano

 

Magnitude limite

7x35 – apenas A e C;

8x56 e 9x63 –  A, C, D e H;

10x50 e 12x50 –  A, C, D, F e H;

15X70 –  TODAS AS ESTRELAS;

 

Na região de T Cru apenas o 15x70 pode mostrar as estrelas com magnitude visual 8,47 e 9,08.

 

No caso da brilhante Eta Carinae, baixos aumentos tornam imprecisas as estimativas pois tendem a confundir a visão em meio a muitos alvos. Os maiores aumentos, distanciando as estrelas, tornaram a tarefa mais eficiente do que os menores aumentos.

 

Defeitos e virtudes

Maiores aumentos, sabidamente, perdem estabilidade e campo de visão, características previsíveis quando se pensa em binóculos. Mas não se espera algo tão pesado quanto o Meade 9x63 assim como a qualidade de imagem que ficou abaixo do esperado para um Bushnell. A surpresa boa foi o baixo peso dos binóculos da Octans, facilitando o manejo e dando leveza à observação.

 

Tabela comparativa

Na tabela abaixo, pode-se acompanhar os critérios usados na avaliação.

Cada equipamento foi avaliado de 0 a 10, em nove itens, incluindo as característica físicas como peso, campo de visão e abertura assim como a avaliação do que foi visto na ocular de cada um deles.

 

Conclusões

Em ambientes muito poluídos os equipamentos com pouco aumento por abertura não produzem bons resultados, pois o fundo cinza claro contamina demais a imagem, sendo mais indicados para áreas rurais como o 9x63 e o 8x56. Para identificação de grandes regiões do céu, como por exemplo as constelações, o 7x35 cumpre bem essa tarefa com seus 8 graus de campo, mas perde muito em magnitude limite podendo ser usado, em variáveis, somente até magnitude visual 6 e com pouca eficiência em globulares ou possíveis cometas.

Com mais aumento por abertura, os binóculos 10x50, 12x50 e 15x70, se mostraram muito mais adaptados à poluição luminosa. Com um fundo mais escuro e maior separação dos alvos, a observação ficou mais precisa. Há que se notar que o campo de visão diminui consideravelmente nesses casos mas não compromete o objetivo desse comparativo (variáveis e cometas). A estabilidade também é afetada mas não prejudica a observação que, nestas aplicações, não dura mais do que 50 segundos para cada alvo.

Lembrando que observações, com binóculos, devem ser realizadas na posição sentada, em cadeira com encosto, com as costas inclinadas em 45 graus, usando o contorno dos olhos (ou na lente de óculos) como apoio para reduzir a trepidação quando se tem 10x, ou mais, de aumento. A estabilidade aumenta à medida em que a altura do objeto aumenta em relação ao horizonte pelo fato das variações serem mais incômodas na vertical do que na horizontal.

O teste foi realizado na noite de 19 de maio de 2012, entre 22hs e 23:30hs, na cidade de Belo Horizonte, na sede do VTOL. Os dados de foram obtidos com o catálogo Tycho, do Cartas do Céu.

 

João Marcos é observador de estrelas variáveis, membro da AAVSO-USA.

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